quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eleições 2010 - Não Vale a pena ver de novo.

Ano de eleição no Brasil é como ver novela no Vale a pena ver de novo, você já sabe todo o roteiro e o desfecho final da trama. Não venho aqui trazer alguma novidade, talvez lembrar você de alguns questionamentos. Uma coisa é certa: "Cada povo tem o governo que merece", outra coisa é fato: "Brasileiro não sabe votar".


O brasileiro a cada dia que passa, me surpreende mais, de uma forma negativa. Os escândalos de corrupção no poder deixaram de ser novidade há muitas décadas, políticos vem e vão, para lá e para cá, pulando de partido em partido. E o que é necessário para ser político? Apenas ser alfabetizado? Bem, essa é uma questão muito complexa a ser debatida. 
Em julho do ano passado eu decidi criar minha conta no twitter, inicialmente eu não sabia o que escrever naquele mini-blog mas logo percebi que poderia fazer um networking através dele. Claro que tem dias que sua timeline fica desagradável, em final de campeonato de futebol por exemplo só se fala de futebol, e com as eleições 2010 não poderia ser diferente. Política, políticos, corrupção e etc, é o que ainda está rolando na minha timeline, não sou contra a se discutir esses assuntos, não concordo é com a forma que se pratica isso.


Oras, você chega em casa ou no trabalho, liga seu notebook, se informa pela internet e taca o "pau" nos políticos brasileiros. Muito cômodo você não acha? Sim, eu acho. Me diga, quanto vale para você (cidadão) escancarar sua opinião política em um Blog? Soltar farpas e alfinetadas para políticos de sua cidade? Vale sua vida? Pense bem.


Em uma guerra, é preciso escolher as armas certas, mais importante é lutar com inteligência. Se você, como eu, está insatisfeito com a atual situação política do seu país e espera mudanças, não espere, faça. Vejamos! O que é preciso para que um político corrupto vença? A sua ignorância. Você tem a constituição em casa? Se sim, muito bem. Mas, quantas vezes você a leu?  .... (..) .. Pois é.


A educação é sua única arma para trazer a tão sonhada mudança. Armem seus filhos dela, eles farão o Brasil de amanhã, vá a câmara e acompanhe o que seu Deputado anda fazendo pela sua cidade. Acompanhe a trajetória do seu presidente, pesquise, leia, aprenda seus direitos, se eduque. Se para você isso tudo parece ser trabalhoso e sem motivo, então meus ouvidos estão selados para as suas reclamações sobre política.


Se o Brasil ainda tem muito o que evoluir, então os brasileiros precisam evoluir ainda mais. O mínimo que peço é que não encha o seu twitter com política de forma aleatória, passe adiante aquilo que você acredita ser relevante, não arrisque a sua vida e a de sua família apontando com o dedo indicador a cara dos corruptos, combata-os nas urnas. Se dê o hábito de discutir política com amigos, mas se mine de fatos e argumentos, não seja alienado. E assim, você pode começar a construir uma cena política diferente.


Liana Lunardelli

domingo, 10 de outubro de 2010

O BRASIL NOITE

Acordo cedo e durmo tarde, a madrugada não é meu lugar, preciso de luz natural, não fotografo bem com flashes, não quero que me revelem, me escondo na claridade, onde todos se parecem.
Diurna, mas nem tão entusiasmada que goste do som de Elba Ramalho, Ivete Sangalo, Daniela Mercury. É onde minha brasileirice destoa, não sou de pular e jogar os braços pra cima, entrar no clima de qualquer festa, subir em trem elétrico. Até gosto de verde, mas amarelo, detesto.


Fico meio avexada quando leio sobre a nova Daslu, sobre os novos namorados de celebridades geradas do nada, entediada com fotos de debutantes, geração xerox, todas exatamente iguais, nem os pais as reconhecem, onde você aparece, minha filha? Ninguém aparece, todos se repetem.


O Brasil colorido, suado, tropical, cartão-postal é o país onde nasci, mas me desenvolvi no avesso, numa clareira interna, invisível para quem está de fora. Da porta pra dentro ouço solos de guitarra e não preciso me vestir tão bem. De dia, meu país de fato brilha, mas onde eu me reconheço é no silêncio, na rua estreita, no aconchego da minha intimidade, onde dou de comer aos meus sentimentos. Difícil ser brasileira sem fazer barulho, sem ter pernas para mostrar, sendo agridoce e não salgada do mar.
Mas sou brasileira, e esta crônica nada mais é do que um reconhecimento de nacionalidade após ouvir o mais recente disco do Lobão, Canções dentro da noite escura, em britânicas, porém brazucas, saídas de uma página arrancada da nossa história, a parte em que somos sortudos, carentes, suicidas, apaixonados, inquietos, dramáticos - não melodramáticos.


A alegria é uma conquista, é até mais importante do que a felicidade, mas alegria não é grito, não é aeróbica, não é refrão, não é pegadinha, não é pegação. Alegria é amar. E enfrentar a dor sem perder a poesia. Alegria é caminhar, não correr. Dar umas paradas a fim de ganhar tempo. Viver sem culpa. Ter um pouco de noite no seu dia. E muito dia no seu sono.
O disco será considerado bom por alguns, e ruim por outros. É assim com todos os discos, livros, filmes: eles capturam o freguês ou o deixam escapar. Fui de certa forma capturada, ganhei um greencard pra continuar no meu país sem precisar aderir ao ziriguidum e às festas no apê, um green-yellow card que me fez lembrar que há vida intensa na sombra também.


Martha Medeiros


Decidi colocar esta crônica aqui porque li e acabei me identificando em alguns pontos. Ando com a cabeça cheia de informação, isso não ajuda na hora de escrever. Preciso comprar um processador melhor para minha cabeça. Espero que gostem. Grande Beijo.


Lia.