sexta-feira, 30 de abril de 2010

50 anos DEPOIS


"Dois eixos desenhados à mão se cruzam em um ângulo reto, em uma folha de papel. Lucio Costa marcava a primeira forma de Brasília. Apenas três anos depois a nova capital brasileira ganhava forma e função, erguidos os principais edifícios com desenho de Niemeyer. Estava concluído o projeto de Juscelino Kubitschek, provando que era possível construir uma cidade em um cerrado despovoado, em um planalto de infinitos horizontes, e fazer dela a capital.

Mas não podia ser qualquer cidade, era preciso ter um quê de monumental, causar frio na barriga, provar que o Brasil era capaz de construir uma nova idéia de cidade, do zero, e em meio ao debate urbanístico da época: aqui, seguem-se os preceitos de um urbanismo modernista. Para levantar a nova capital, 60 mil trabalhadores se mobilizaram, de todas as partes do país. Operários, médicos, arquitetos, engenheiros, sozinhos ou em família desbravaram um descampado e viveram histórias únicas, seja no sonho da nova capital, seja num ideário de melhoria de vida (a própria ou a do Brasil). Meio século se passou e o debate vai além da necessidade ou da importância da transferência da capital. É preciso avaliar as mudanças de Brasília, suas novas arquiteturas, pensar a cidade não como histórica, mas como uma metrópole do futuro. É com esse objetivo que produzimos esta edição, com textoos que remontam ao concurso para a capital; analisam as transformações pelas quais passou; mostram obras concluídas recentemente e fazem um panorama de outras que estão por vir.

Passado, presente e futuro de Brasília. Mais do que celebrar seu 50º aniversário, propormos um debate para a nossa capital."

Bianca Antunes

texto retirado da revista aU - arquitetura e urbanismo, Ano 25, Nº192, Março 2010.