sábado, 6 de março de 2010

ACASO?

"Mas então, o sentido da vida é não ter sentido?" .. Ela pensava nisso preocupada, com a cabeça no travesseiro, olhando o céu estrelado de seu quarto. Aquela parecia ser mais um noite longa, olhando o teto azul com adesivos que brilham no escuro. Todas as noites Laura esvaziava a cabeça, pensando no nada, era o jeito que ela tinha para esquecer fatos do seu dia, fatos não tão agradáveis, os momentos bons sempre fazia questão de guardá-los. Ela nunca entendeu muito de física ou química, coisas sobre a criação do universo. Mas a palavra "sempre", lhe causava arrepios. O que é o infinito? O que é para sempre? Nada? .. Coisas que sempre ela se perguntou, coisas que todo mundo se pergunta.

"Mas, então, o sentido da vida é não ter sentido? .. Com a mão no queixo e os olhos atentos na paisagem, ele pensava nisso. Sentia o vento levantando seus cabelos, então fechava os olhos, e a pergunta fugia para dar lugar a outras: Até quando ficarei sozinho? Sou o único louco deste planeta? .. John estava solteiro há muito tempo, ele era diferente dos caras que as garotas costumam conhecer. Um romântico sincero, sedutor, maduro e inteligente. Também um tanto exigente, talvez por isso estivesse sozinho, sua atração por mulheres independentes e decididas era forte, uma atitude pode atrair mais do que um rosto bonito. Um pouco cansado e cheio de pensamentos, ele fechou a janela e foi em direção ao quarto.

A noite foi agradável para ambos. Laura logo adormeceu quando pensou em seus dias de folga da família, os pais haviam comprado passagens para o Caribe. John adormeceu rápido pelo cansaço, ele não tinha problemas para dormir, o trabalho duro de seu escritório não lhe deixava espaço para muita coisa.

Era sábado, já estava tudo planejado, churrasco na casa da Lia. Lia era a melhor amiga de Laura, bem mais velha, mas elas se entendiam muito bem. Lia se divertia com os pensamentos inquietos de Laura, que decidiu acordar tarde naquela manhã. A gritaria pela casa já era irritante, a família de Laura foi sempre muito bem humorada e cheia de amigos. Ela não gostava muito disso nos dias que queria um pouco de privacidade. Decidiu então tomar um banho e tratar de se arrumar logo para o churrasco, queria sair dalí, mas antes, deu uma passadinha no twitter para confirmar tudo.

Desceu as escadas de mala pronta.

-Oi pai, oi mãe... estou indo pra casa da Lia.
-Bom dia mocinha.. durmiu bem? - perguntou sua mãe, que se chamava Glória.
-Sim.. não sei que horas volto. Ok?
-Tudo bem, deixe o celular ligado, qualquer coisa ligue.
-Claro!
-Tchau Pai, tchau mãe.
-Tchau filha - responderam os dois.

Eles tinham orgulho de Laura, que sempre foi muito estudiosa e dedicada a conhecer novos horizontes. Por isso ela tinha sua liberdade respeitada.

Entrou no carro, jogou a mochila no banco de trás, olhou os cabelos mais uma vez no retrovisor interno, estava tudo bem. Ligou o carro e partiu rumo ao condomínio onde morava Lia. Estava chegando perto de meio dia, ela havia prometido chegar cedo para ajudar na arrumação, o cedo que já não parecia tão cedo para ela. Um pouco apressada, dirigia sem muita prudência, em um lapso de desatenção, não percebeu o sinal mudar do amarelo para o vermelho, desviou do carro que havia parado e olhando novamente os cabelos no retrovisor, sentiu o carro ser sacudido por um impacto que a fez segurar forte o volante sem entender o que estava acontecendo, sentiu um segundo impacto, desta vez do lado do passageiro, e enfim ela estava parada. Olhou para sí procurando sinais de sangramento, sentiu tontura e a cabeça molhada, pensou - "Mas eu não lavei os cabelos. Oh não, e o churrasco?"

Percebeu que alguém havia completamente batido em seu carro, uma ruga de raiva brotou em sua testa, saiu do carro meio desorientada e foi logo proferindo:

Mas o que deu em você? Está cego?

John estava ainda sem saber o que fazer, olhando o carro que acabara de bater.

-Ah meu Deus! ... Ah meu Deus! Você está bem? Meus Deus , você está sangrando..

Era tudo o que ele conseguia dizer. Laura já não conseguia identificar se a tontura era devido ao impacto ou ao encantamento de ver aquele suave rosto se transformar em pânico por sua causa. Ela estava confusa. Colocou a mão na cabeça e se certificou de que a tontura era pela perda de sangue, tudo ficou fora de foco, ela piscava os olhos repetidamente para tentar se recompôr, era inútil. Desmaiou. Antes que pudesse chegar ao chão, John conseguiu segurá-la. Foi aí que ficou mais perdido, porque ele sentiria algo tão doce em meio a uma confusão de sensações? Seu corpo tremia e suas mãos esfriavam. Se conteve e pensou - "Não se engane meu amigo, ela pode ser apenas mais uma face para seu albúm." E em seguida sentiu-se envergonhado por pensar aquilo naquela ocasião. "Que ridículo, o que eu estou fazendo?"

Logo curiosos se amontoavam para ver sangue. A sirene da ambulância já era ouvida ao longe, tremendo e sem forças, ele a deitou no chão, se permitiu admirar mais uma vez aquela pele, o cheiro que vinha dela, um rosto tão diferente daqueles que ele sempre teve. Tentava disfarçar e fingir que seu olhar para ela era de preocupação e não de encantamento. Pensou novamente - "Oras, pare com isso, que infantilidade. Não está vendo? Você machucou a moça. Ela deve ser louca, não viu o sinal ficar vermelho? .. Mas... bem.. o sinal estava verde pra mim, eu juro que estava"

E olhou ligeiramente o semáforo, como se ele houvesse parado no exato momento do acidente.

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Continuação? .. talvez um dia. Não reparem nos erros, sou iniciante nisso aqui. Estou sem sono e o máximo que consegui criar foi isso. Boa noite.

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